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De conteúdo a web tá cheia. Somos mais que isso.

A web tá cheia de conteúdo. Coisa boa, coisa ruim, coisa repetida. Informação correta, outras nem tanto. E quando o assunto é gênero e feminismo, não é diferente.

Por isso, hoje eu vim contar pra vocês que, sim, a gente produz conteúdo aqui na Comum, sobre questões ligadas às mulheres de forma ampla. Mas não é isso que a gente é.

Somos uma comunidade, online e offline.

Esse texto é pra contar um pouco do que a gente faz de verdade aqui, no que a gente acredita de coração e mais: pra falar de como mulheres estão se conectando através da web pra se empoderar e se transformar de verdade, na vida.

1. A gente acredita em conteúdo como meio e não como fim

Conteúdo tem que ser ferramenta pra alguma coisa, não fim em si mesmo.

Pra gente, a informação, as pautas, os vídeos no youtube, são como sementes, alimento pras reflexões, conversas e estudos - nas nossas vidas e juntas, na comunidade.

A ideia não é fazer conteúdo por fazer. Pra ganhar cliques, acessos, bombar na web. É fazer conteúdo de mulheres pra mulheres, pra tratar dos nossos assuntos, nossas questões, e gerar conversas e movimentos importantes pra nós.

Por isso nossa linha editorial fala de empoderamento no sentido amplo: coisas pras quais nós, mulheres, podemos olhar, pra sermos mais livres e inteiras.

2. A gente acha que dá pra usar a web pra se conectar e ter trocas significativas

A Comum nasceu no fim de 2015 como um fórum online. Surgiu de uma necessidade minha e da Giovana Camargo de ter um espaço constante, de fácil acesso e só de mulheres - protegido, portanto - pra gente falar de coisas importantes e sensíveis pra gente, trocar experiências, se ajudar.

Outra coisa importante pra nós era que fosse um espaço de conversas significativas, ricas e pacíficas. Por isso uma das bases que temos por lá é a comunicação não-violenta. A gente queria somar, não se atacar - como acontece em vários grupos do facebook, por exemplo.

Em menos de 1 mês éramos 600 mulheres do Brasil todo por lá, dialogando lindamente sobre questões diversas. Desde relacionamentos abusivos até experiências com métodos contraceptivos.

Hoje, o fórum é a base da comunidade e é fechado pra assinantes. Foi o jeito que a gente encontrou de manter o espaço bem cuidado, seguro e quentinho.

3. A gente também acredita no poder do olho no olho

Também, a gente nunca quis deixar de se encontrar presencialmente. Primeiro que, muita coisa a gente só aprende e desenvolve mesmo na hora da mão na massa, principalmente coisas de cunho mais prático. Depois que a gente acredita que o encontro físico gera laço, conexão, empatia. Um monte de mulher junta, falando e praticando coisas relevantes, têm um poder imenso de força e transformação.

Foi o que a gente viu acontecer nos dois primeiros encontros que fizemos em São Paulo, um sobre contracepção natural e ciclos hormonais, e outro sobre beleza do bem e autonomia no auto-cuidado. E foi lindo.

Encontro de beleza natural com a Fernanda Canna, em São Paulo.

Encontro de beleza natural com a Fernanda Canna, em São Paulo.

Por isso a gente se encontra uma vez por mês, presencialmente. Os encontros são abertos pra todas as mulheres, e sempre mais baratos pras assinantes. A vontade é que eles aconteçam em todo o Brasil, através da comunidade. Então, se você tiver uma ideia de tema pra um encontro na sua cidade, fala com a gente.

4. Só faz sentido se tiver mulheres em todas as pontas

Não adianta ser só feito pra mulheres, tem que ser feito por elas também. Isso sempre esteve claro pra nós.

A gente está em desvantagem quando falamos de níveis de estudo e representatividade em diversas profissões. Também quando falamos em salários: as mulheres ganham de 30% a 70% a menos que os homens brancos ocupando os mesmos cargos e mesmas posições. Nossas referências são, em grande parte, masculinas: escritores, cientistas, empreendedores.

Por isso, na Comum, são mulheres que fazem tudo. Pensam no projeto, na linha editorial, escrevem (a rede de colaboradoras é só de mulheres), gravam e editam os vídeos, falam pras câmeras, organizam os encontros e fazem os workshops.

A ideia é que a gente impulsione os movimentos umas das outras. Que a gente ocupe o espaço detrás e da frente das câmeras. Que a gente esteja também no holofote, falando ali, no microfone, sobre algo que a gente saiba muito.

A partir daí, a gente se identifica, se reconhece, ganha confiança e passa a ter outras mulheres como referência, ao invés de homens. A gente passa a se admirar.

Dessa ideia nasceram as nossas séries no Youtube: minas que manjam e minas que fazem. Escolhemos sempre mulheres fodas em determinadas áreas e gravamos vídeos e entrevistas com elas.

5. É na parte fechada pra assinantes que a gente se conecta e se transforma de verdade

A Comum se sustenta através de assinaturas. Foi o jeito mais bonito que a gente achou de financiar essa rede de mulheres: com o suporte de outras mulheres. Assim, dá pra produzir conteúdo verdadeiro e imparcial (sem jabá) e cuidar da comunidade com carinho e atenção.

A parte aberta da Comum tem conteúdo. É o que todo mundo vê. Mas a beleza mesmo está na parte fechada. É ela que guarda a semente da comunidade que a gente nasceu pra ser.

Lá, a gente tem trilhas de transformação. Todo mês, um tema guarda-chuva é escolhido e explorado através de todos os caminhos que oferecemos: conteúdo em texto, vídeos, tópicos e práticas no fórum e o encontro do mês. Desse jeito, a gente consegue ir fundo. Sair do superficial e olhar de verdade pra um tema importante pra nós. Estudar, trocar ideias sobre aquilo, trazer pra prática.

As trilhas são percursos. Pra gente fazer juntas, e se transformar um pouquinho no final.

A primeira começa nesse mês de agosto. O tema é auto-compaixão e autonomia afetiva, e vai falar desse tema tão sutil e importante, que perpassa todas as questões femininas mais sensíveis. 

Se isso tudo faz sentido pra você, vem fazer parte disso com a gente.

Seguimos juntas.


A assinatura mensal da Comum dá acesso a parte fechada, que inclui as trilhas, o fórum, encontros só pra comunidade (on e offline) e desconto em encontros abertos ao público. Você pode pagar R$40/mês ou financiar uma mina que não possa pagar, com R$80/mês. Saiba mais aqui.


A trilha de agosto: auto-compaixão pra mulheres

A primeira trilha vai girar em torno de um tema bem bonito e importante, de mundo interno: compaixão. Como podemos trabalhar a autocrítica e os autojulgamentos? Como podemos ser mais gentis conosco, com as nossas questões, nos acolher e acolher outras mulheres? Como cultivar um olhar mais cuidadoso com a gente, de apreciação e bondade ao invés de dureza? Os textos, vídeos, práticas no fórum e a imersão do mês de agosto vão girar em torno do tema. Se quiser participar, veja aqui como assinar e fazer parte da comunidade. :)


Anna Haddad é co-fundadora da Comum. Escreve pra vários veículos sobre educação, colaboração, novos negócios e gênero, e dá consultorias ligadas à comunidades digitais e conteúdo direcionado pra mulheres.