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6 coisas pra esquecer ao fazer 30 anos

Se você está à beira da sua quarta década nessa terra, grandes chances de você estar por aqui de opiniões sobre o que você simplesmente PRECISA fazer antes dos 30. Desde viagens exóticas até esportes radicais e ter neném (sim, estamos de volta aos bons e velhos tempos em que todo mundo precisa ter filhos pra ontem), tem muita coisa que esperam que você faça no último ano dos seus vinte e poucos.

Vamos dar uma olhada nessa lista de “30 experiências que você precisa ter antes de fazer 30 anos”: obviamente que toda mulher de quase 30 precisa correr uma meia-maratona, nadar pelada, fazer uma aula de improviso (oi?), fazer um test-drive no carro dos sonhos (que?) e fazer um curso de bartender (hein?) — entre outras coisas — antes do relógio dar [insira aqui a hora que você nasceu] no último dia do seu 29º ano.

(Eu achava que aulas de improviso eram mais um teste de resistência do que uma “experiência”, mas cada um no seu quadrado.)

Sim, desde decisões financeiras, passando por peças do guarda-roupa, festivais de música e coisas essenciais pra se comer, existe uma lista sem fim de textos que te dizem o que fazer “antes de você fazer trinta”, suficiente pra causar uma crise existencial até na galera de 29 anos muito bem vividos.

Então, como alguém que rapidamente se aproxima do aniversário de 3 anos da minha crise dos 30 (estou com quase 33), quero dar um ponto de vista diferente sobre a bomba relógio: aqui vão seis coisas que você deve esquecer assim que fizer 30.

1. Falar mal das pessoas

Sim, as pessoas meio que se conectam ao se reunir pra falar mal do que fulano e ciclano vestiram pra trabalhar no Natal e tal. Mas assim que você toma uma certa distância, percebe que não tem nada mais trágico de que um grupo de profissionais adultos num toma-lá-dá-cá frenético de escrotisse (acredite, basta passar um dia no Twitter). Não estou dizendo que você precisa agir como uma santa no seu cotidiano, mas dê um passo pra trás e preste atenção em quanto tempo e energia é sugado por mimimis e ataques: grandes chances de você ficar surpresa.

2. Se preocupar em viajar sozinha

A verdade sobre viajar em grupo e que ninguém que já viajou com amigos ou um companheiro vai te contar é: discussões frequentes, um compromisso irritante com itinerários e conflitos inevitáveis sobre onde ir pra comer. Viajar sozinha, com todos os momentos ocasionais de solidão esmagadora (um beijo pra quem já deixou uma lagriminha cair em New York ou no metrô), não é lá tão assustador quanto pintam. Eu sei que essa declaração periga soar como um “viaje sozinha assim que fizer 30 anos”, mas, sério, acredite: é incrível.

3. Pular de bungee jump

Pular de bungee jump soa como uma campanha turística tosca dos anos 90 pra te estimular a se libertar e se liberar dos seus medos antes da vida adulta bater à sua porta (veja também: nadar pelada, pular de paraquedas, alguns tipos de mochilão).

Você acha que a música Ballad of Lucy Jordan, da Marianne Faithfull, seria tão tocante se a personagem de 37 anos não estivesse se arrependendo do fato de nunca ter mergulhado num rio pulando de uma ponte — em vez de dirigir por Paris com o vento morno esvoaçando seus cabelos? E por que parar por aí? Aprender a dirigir como uma dublê, fazer base jump, construir um foguete.

Nos seus 30 anos, é hora de reavaliar seu compromisso com um estilo de vida radical.

4. Se preocupar se sua bunda fica ou não muito grande com aquela roupa

Eu me lembro claramente de acordar no dia do meu 30º aniversário: depois de décadas me preocupando se meu corpo estava legal ou não, olhei no espelho pras minhas estrias, cabelos grisalhos e pra minha bunda se misturando lentamente com as minhas coxas e pensei: “Nada mal”.

Não tenha medo de se transformar num modelo de positividade que grita “AHASA GATA!”. É perfeitamente ok você achar que está parecendo com um saco velho de batatas em alguns dias, mas em vez disso, tente se tratar com gentileza e respeito. Seu corpo já passou por pelo menos 30 anos, e ele merece um belo abraço.

5. Sair com cafajestes

E com “cafajestes”, não estou falando do carinha da sua aula de teatro que usava uma jaqueta de couro, fumava e que já tinha penteado o cabelo com água da privada. Não, quero dizer caras (e minas) que são emocionalmente fechados, manipuladores, emburrados, grossos, pão-duros, ou todos os anteriores, se você tiver ganho na megasena do amor (só que não). Com 30 anos na cara, é hora de perceber que você vale mais do que as migalhas de amor que algum perdido faz o favor de jogar pra cima de você. Chega!

6. Tentar decifrar o que você vai ser quando crescer

Se você estava no ensino médio nos anos 90, é provável que te cutucavam pra ter uma ideia de sua trajetória de carreira desde a oitava série, quando você começou a ter que se preocupar em sobreviver ao colegial. Isso pode ter te levado a passar seus 20 anos esmagada por uma sensação de agonia existencial relacionada ao trabalho, caso você não tenha cumprido o que seu eu lírico de 15 anos planejou pra você.

Gata, sério, com 15 anos você teve uma paixonite de verão por um surfistinha tosco na praia, você não sabia de nada! Pare de ser sua pior conselheira vocacional. Tudo bem deixar sua carreira se desdobrar.


Nota: essa é uma tradução do texto Six things you should forget about once you turn 30, escrito pela Clem Bastow e pubicado originalmente no Daily Life. Clem é australiana, feminista, escritora, radialista, comediante e contribui regularmente com veículos como o The AgeSydney Morning HeraldGuardian Australia e The Big Issue. Numa troca de emails com ela (e no auge da minha crise dos 30), contei dos meus textos sobre gênero, do trabalho com mulheres na Comum e ela ficou feliz em liberar a tradução de alguns textos dela pro português. ❤


Anna Haddad é co-fundadora da Comum. Escreve pra vários veículos sobre educação, colaboração, novos negócios e gênero, e dá consultorias ligadas à comunidades digitais e conteúdo direcionado pra mulheres.