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A quem interessa uma mulher que não goza?

Gozar, para as mulheres, é cada vez mais um ato político. Não aceitamos que nossos desejos sejam silenciados como antigamente. Queremos falar, debater, conhecer. Estamos indo às ruas para pedir o que é nosso de direito: liberdade para essa pele que habitamos — e que traz, junto, anseios, sonhos, vontades e quereres.

Acontece que fomos ensinadas, quase programadas, a acreditar que nosso corpo não é nosso. Enquanto os adultos acham graça quando um menino mexe em seu pênis, as meninas são reprimidas ao colocarem a mão na vagina. A verdade é que não querem que nos conheçamos, que nos toquemos e nos descubramos.

Crescemos e o cenário não muda: os filmes pornôs nos colocam como coadjuvantes.

Estamos ali, como contorcionistas, apenas para servir ao desejo masculino.

Em todas as mídias de massa vemos a ampla aceitação da mulher como objeto sexual. Nos vídeos de rock, rap e hip-hop, e também nos filmes de grande bilheteria, o que se vê são modelos com corpos esculturais, que estão lá para o espectador jovem do sexo masculino.
Documentário Miss Representation, sobre a representação da mulher na mídia. Assista a íntegra aqui.

Mas a quem interessa, senão ao patriarcado, uma mulher que não goza?

Esse vídeo da Carol Patrocínio é afiado e necessário porque coloca as cartas na mesa: quando falamos de sexualidade, estamos falando mais do que apenas sobre sexo. Estamos falando sobre nossa liberdade, política. Sobre sermos sujeitos de direito. Mas também sobre quem somos, o que desejamos. Sobre a nossa construção individual de sexo, erotismo e prazer.

Se a gente pegar uma cultura machista e patriarcal que diz o tempo todo não pode, meninas não devem, meninas devem ser fechadas e contidas, as mulheres vão criando esse significado para a sexualidade, e isso vem desde pequena.
Renata Pazos, psicóloga

A sexualidade feminina é uma revolução urgente  — não só para o coletivo, mas para nosso florescimento humano.

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Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo, coordenadora de projetos com propósito e cientista poética. Certa feita, enamorou-se pela palavra inefável. Desde então, também mantém uma lista de pequenas coisinhas indizíveis.