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#6 Relações horizontalizadas: como equilibrar autonomia e conhecimento profissional?

Você entra no consultório ginecológico com uma queixa corriqueira. Mal é ouvida, atendida ou examinada. Sai de lá com um diagnóstico, uma penca de exames e um retorno pré-agendado. 

Sem pensar duas vezes, marca o check-up e se prepara para a possível medicamentalização que virá a seguir. Raramente questionamos o porquê de termos sido ensinadas assim. A regra é clara: melhor deixar nas mãos de quem sabe. Mas estamos cansadas dessas interações que, apesar de maléficas, foram normalizadas. 

Na contramão de relações médicas fundadas no paternalismo — em que profissionais da saúde nem sempre têm aptidão para compreender e dialogar com as necessidades das mulheres —, um novo horizonte desponta: e se entendêssemos melhor sobre nossos ciclos, nossa fisiologia, novos jeitos de cuidar de nós mesmas? 

"Numa relação horizontal entre o profissional da saúde e a pessoa cuidada, há uma instrumentalização para o autocuidado. Não é sobre tirar a responsabilidade dos profissionais da saúde, mas estar junto com as pessoas, com um olhar técnico de vigilância. É promover meios nos quais essa pessoa consiga ser protagonista dos seus processos e seus corpos; é trazê-la para o centro do cuidado, apresentando ferramentas e informações para que ela possa refinar seu autoconhecimento. Pensando nisso, como profissionais e pessoas trilham juntos esse caminho e como cada um de nós podemos nos responsabilizar por nossa saúde?" 

Trecho da entrevista que fizemos com a ginecologista e obstetra Halana Faria. Para acompanhar o papo na íntegra, dê play aqui: 

Porque nossa saúde vai além de padrões de atendimento heteronormativos ou de um cuidado médico voltado única e exclusivamente para a mulher como reprodutora em potencial — falamos sobre isso na primeira fase da trilha, se perdeu ou quiser voltar à temática, clique aqui e aqui.

Agora, é hora de nos munirmos de conhecimento, de informações que nos ferramentem. Dessa forma, conseguiremos lançar mão de um olhar cuidadoso para os sinais que nosso corpo emite e para as demandas que sutilmente exige. É um processo que requer dedicação e acolhimento. 

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Aqui você encontra as redes e materiais citados por Halana durante o bate-papo: 

Our bodies ourselves, livro publicado pelo Coletivo de Boston

DIU de cobre

Critérios médico de elegibilidade da OMS para uso de métodos anticoncepcionais


Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Na Comum, é editora-chefe, participante e caseira.

 

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