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#13 Vídeo: A gente também transa sem amor

 

- Homem transa por instinto, mulher por amor.

- Homem é bicho.

- Mulher prefere chocolate a sexo.

Diz a lenda que mulher é diferente de homem. Mulher quer um parceiro só, tranquilidade, compromisso. Quer criar seus filhotes e cuidar do ninho com afeto e dedicação. Sexo vem sempre com amor, tipo um combo mágico. Já homem não. Homem é bicho, poligâmico. Conquistador e dominador por instinto.

Vou pular séculos e séculos de história (e também toda a carga religiosa sobre a mulher, esse ser "puro e angelical") e vou direto pra Freud, que dizia que a mulher tem, por natureza, um "instinto sexual mais fraco", uma "capacidade erótica inferior".

Na mesma linha, o bestseller americano do final dos anos 60, "Everything you always wanted to know about sex", de David Reuben, pregava a seguinte lei: "uma mulher, antes de ter relação sexual com um homem, precisa se relacionar socialmente com ele."

Não precisa de muito (basta estar vivo) pra sacar que essa é uma grande falácia do mundo patriarcal. O grande problema é que a gente cresce ouvindo essas groselhas - muitas delas vestidas de determinismo biológico.

Não somos ensinadas a explorar a nossa sexualidade nem a tratar o desejo como algo comum e saudável. A maioria de nós passa pra vida adulta achando que tudo o que é sexual é proibido, inclusive nosso próprio corpo.

Sobre isso, um trecho do livro fabuloso do Daniel Bergner - "O que realmente as mulheres querem" - que traz uma série de pesquisas e entrevistas com cientistas, historiadores, psicólogos e mulheres sobre sexualidade feminina (recomendo demais da conta):

"O papel do aprendizado social, do condicionamento, não é muito considerado pelos líderes de psicologia da evolução. Se promiscuidade fosse considerada normal em garotas adolescentes e não em garotos, se fosse louvável nas garotas e condenável pros garotos, se as meninas ao invés dos meninos fossem incentivadas a colecionar números na agenda, como a vida das mulheres seria diferente?"

E aí que passamos por várias situações de sofrimento até cair a ficha: somos sim seres (super) sexuais - apesar de nos dizerem o contrário a vida toda - e temos que nos entender com isso.

Do outro lado, liberdade sexual não tem a ver com transar por transar, transar com qualquer pessoa, se atravessar e se atropelar. 

Precisamos aprender a conhecer e viver nossa sexualidade independente dos polos.

Esse vídeo da Renata Pazos fala um pouco disso.

Seguimos juntas.


Todas as nossas experiências, dúvidas e angústias estão sendo compartilhadas no fórum - Trilha #2: Sexualidade | Olhando pra construções internas profundas - e assim, juntas, deixamos esse caminho mais fácil.


Anna Haddad é fundadora da Comum. Escreve pra vários veículos sobre educação, colaboração, novos negócios e gênero, e dá consultorias ligadas à comunidades digitais e conteúdo direcionado pra mulheres.