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#22 Encontro: como foi juntar 20 mulheres pra olhar pra sexualidade?

Nos dias 03 e 04 de dezembro, a gente juntou 20 mulheres totalmente diferentes na Casa de Trocas, espaço colaborativo numa casa bonita e verde no Pacaembú (obrigada por nos receber, Inês).

Não sabíamos ao certo o que esperar. Era uma mistura de ansiedade, medo e curiosidade. Mas estávamos lá, inteiras.

Não é fácil falar de sexualidade. Olhar pra ela de verdade. É um novelo imenso, cheio de nós, e quanto mais a gente puxa aqui e desfaz ali, mas coisa aparece. Não é algo simples, um assunto de recorte estreito.

Como a Renata Pazos e a Carol Patrocínio disseram nesse e nesse textos da trilha, quando falamos de sexualidade, falamos de muita coisa - inclusive de prazer:

Ao falar de construção da sexualidade, estamos nos referindo às diversas maneiras de compreender e internalizar, antes de mais nada, o que é ser mulher.

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A sexualidade vai muito além do sexo. Ela fala sobre a maneira que nos relacionamos com outras pessoas, sobre como nos colocamos no mundo. Fala sobre nós em diversos sentidos e recortes. E fala, é claro, sobre prazer.

E foi isso que surgiu na imersão.

Tocamos sexualidade de modos sutis. Trouxemos memórias, sensibilizamos o corpo. Foi uma abordagem gentil e cuidadosa das psicólogas e terapeutas corporais Renata Pazos e Maria Leonice. 

Nos abrimos, também. E nas rodas de partilha surgiu tudo: nossos parceiros e dificuldades com as relações, memórias e experiências de infância, dinâmicas de poder, dinheiro, orientação sexual, travas e dificuldades, relações maternas e paternas.

Me mobilizei com cada fala, de cada mulher. Como se todas dissessem um pouco de mim, fossem um pouco minhas também.

Percebi o quanto sexualidade é sobre todas as coisas que nos fazem mulher, é uma construção profunda e sensível, e o quanto tenho ainda a explorar.

Outra ficha importante caiu: essa exploração pode durar uma vida toda, e deve ser feita de vários modos. Não só pela mente, mas também pelo corpo, com práticas para sensibilizar ele, acordar ele, ativar memórias que estão na pele. Por encontros com mulheres, trocas. Por psicoterapia, mas também por terapias corporais.

Essa imersão foi um grande acordar pra mim.

Terminei com vontade de outra, com mais tempo juntas, mais práticas e possibilidades.

Fica essa vontade pro ano que vem, e uma curiosidade pra saber como foi pra vocês. Quero ouvir todas nesse tópico do fórum aqui.

Pra terminar, palavras bonitas da Rê e da Leo sobre a imersão. O contato delas fica abaixo, para quem quiser falar, abrir canal, tirar dúvidas ou seguir num caminho terapêutico individual:

Como a Leo falou, o que tínhamos pra oferecer para todas vocês era o que temos de mais valioso: nosso trabalho com a alma. Espero que o que foi vivido e construído produza ecos que possam ajudar a transformá-las profundamente - de dentro pra fora.  

- Renata Pazos (re.pazos@gmail.com)

 

Se nosso trabalho causou algum ruído nós alcançamos nosso objetivo, pois sabemos que em cada pessoa presente será produzida uma ressonância. O corpo tem sua sabedoria, vai muito além de nosso controle e querer. É como uma onda sutil, uma pedrinha no lago que irá reverberar e produzir o movimento que ela desejar. Foi um prazer realizar o encontro com este grupo e contribuir com aquilo que acreditamos que é um chamado para a conscientização de um feminino construtivo, generoso e transformador. 

- Maria Leonice (leo.anez@hotmail.com)

 

Seguimos juntas.


Anna Haddad é fundadora da Comum. Escreve pra vários veículos sobre educação, colaboração, novos negócios e gênero, e dá consultorias ligadas à comunidades digitais e conteúdo direcionado pra mulheres.